É impressionante, como coisas incríveis e que tem o poder de mudar perspectivas podem acontecer dentro de uma caixa preta, na sala de um desfile, em cima da passarela. No segundo dia dessa SPFWn42 vimos a apresentação mais impactante dessa edição, digo isso sem medo, mesmo com a semana de moda ainda no meio, mas é que o que a Lab Fantasma fez, foi mais que um desfile, foi um movimento.
A marca do rapper Emicida e seu irmão Fióti com direção criativa de João Pimenta trouxe vida e verdade pra a passarela, com múltipla diversidade de modelos, a representatividade foi a palavra de ordem do desfile. Modelos negros, plus sizes, com cabelos afro lindíssimos, dominaram a apresentação cheia de estilo e atitude. Sem falar na própria coleção Yasuke (nome de um samurai negro) que mescla África e Ásia de forma muito criativa, cheia de assimetrias, logomania e peças oversized, num street wear atualizado.
O discurso de empoderamento veio através de cada detalhe, a Lab mostrou a realidade, a diversidade, a vida que acontece fora da caixa preta. A apresentação exalou a moda das ruas e como disse Emicida, “A rua é nós” e, finalmente, nós estávamos representados na semana de moda, do casting ao público. Foi emocionante ver “o dia que a favela invadiu a Fashion Week”, como disse o rapper. O dia que a favela deu o recado no maior evento de moda do país.
Aperta o play pra ver o espetáculo:
Sem dúvidas um marco. Emicida disse: “Fiz com a passarela o que eles fez com a cadeia e com a favela, enchi de preto”. Cara, tu fez história na moda brasileira.
Foto: Marcelo Soubhia/FOTOSITE