Ninguém aguenta mais o excesso de retoque nas imagens de algumas revistas, nem mesmos os artistas. Prova dessa saturação e indignação com a não aceitação do corpo real e o uso excessivo de photoshop com o intuito de criar algo irreal foi a atitude da cantora Manu Gavassi que boicotou sua própria capa de revista.
Manu explicou em seu instagram o motivo do boicote:
“Venho lançar a minha VIP fazendo uma crítica. Sim, estou boicotando minha própria capa porque quase não me reconheci com tanto photoshop. Não pareço uma garota real, pareço um boneco de cera. E se era pra eu me sentir bonita, poderosa e natural em uma capa dessas, eu me sinto o contrário. Desde criança nós meninas somos submetidas a uma chuva de padrões de beleza, eu mesma não me aceitei por muito tempo. Por isso, penso que como modelo para o público jovem e com mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais, se eu não puder falar abertamente que esse tipo de padrão é uma mentira, é irritante e fora de moda, então não sei pra que eu tenho voz, nem seguidores. (…) Você tem o direito de se sentir linda. Depois de anos sofrendo pra que a minha imagem agrade as pessoas e a mim, anos tentando ser parecida com capas de revista, percebo que ser linda e sexy na vida real é o oposto disso.”
Nas suas redes a cantora postou o próprio ensaio, natural, sem retoques e absolutamente lindo, incentivando outras garotas a se amarem como são e lançou a campanha “#MeSintoLindaComoSou”. A tag também foi subida no twitter com reposts da hashtag usada pelas suas seguidoras.
A postura de Manu em não aceitar a imposição de um padrão e a forçação de uma imagem irreal, além do fato dela mesma boicotar a revista, demonstram o empoderamento da mulher perante sua visão de mundo e seu próprio corpo.
Ninguém pode impor uma falsa representação de uma imagem e o reforço da idealização de padrões estéticos pra o corpo feminino. Esse tipo de atitude pode parecer comum, afinal, praticamente todas as revistas utilizam photoshop pra “correção” de suas imagens, mas é mais uma forma de estigmatizar a mulher.
Inclusive, não há nada no corpo (independente do gênero) que precise ser “corrigido” pra que fique “mais bonito” numa revista. Esses costumes limitam as mulheres de inúmeras formas, nos colocando num papel que unicamente necessita da beleza pra ter valor.
Atitudes, como a de Manu, que levem a desconstrução dos padrões que cerceiam a mulher é o que precisamos pra nos empoderar e nos libertar de qualquer imposição da sociedade que nos limite.